O Despertar


"Despertar*: des.per.tar (des+lat *expertare) vtd 1. Tirar do sono; acordar: A sereia da fábrica nos desperta de manhã. Minha filha é quem me desperta com o seu beijo. vti e vint 2. Sair do sono; acordar: Despertei de um sono profundo. Despertamos bem cedo na fazenda. vti e vint 3. Readquirir força ou atividade; reanimar: Despertou da languidez. Perante o perigo ele despertara. vtd 4. Tirar do estado de torpor ou de inércia. vtd 5. Dar ocasião a; provocar, suscitar, causar: Este fato despertou-lhe a saudade. Aquelas palavras lhe despertaram na alma recordações e impulsos da idade florescente. vtd 6. Animar, avivar, estimular, excitar: Despertar a sensibilidade. Despertou no filho o desejo de estudar. vpr 7. Manifestar-se, revelar-se, surgir: Despertou-se-lhe a pouco e pouco o sentido da audição."

Despertei.

‎*Verbete retirado do dicionário Michaellis.

Luto

Quando alguém querido, mas que era tão ausente se vai. Como nos sentimos diante de situações assim? Dói, é claro que dói muito, o amor e o carinho não são dependentes de tempo algum. Mais do que isso, uma única palavra que acaba explicando tudo: Família. Generalizando, falando de mãe, pai, irmão, tia, vô, prima. Família é aquela turma bagunçada, por que cada um tem uma opinião diferente, e ao mesmo tempo que todo mundo se odeia, todo mundo se adora. É assim com os meus irmãos, por exemplo. É uma loucura, um briga com o outro ás vezes 24 horas por dia, mas eu sou loucamente apaixonada e não vivo sem eles. Chega no final do dia, vira aquela zona gostosa, e todo mundo acaba ficando bem um com o outro, como se nada daquilo tivesse acontecido. Existem os que falam demais e os que falam de menos. Os que fazem demais, os que não fazem absolutamente nada. E é assim que a gente vai vivendo, um aceitando (ou aturando) o outro. Por que somos Família, onde cada um tem o seu papel, com pequenas palavras ou com grandes ações, no final, é tudo importante pra que a casa permaneça de pé. Por que somos a base um do outro. Por que o amor é incondicional. Haja o que houver, eles estarão lá por você. Na alegria, na dor, no luto. E você também estará lá por eles.
Um dos meus avôs faleceu, e mesmo que ele não tenha sido presente e nem tenha demonstrado o mínimo de consideração conforme o tempo foi passando, a morte dele mexeu comigo. Não só por mim, como neta, mas muito mais como filha, ao ver a minha mãe sofrer e chorar de tal forma que só um momento como aquele me faria pensar pra valer sobre algumas coisas. Pensamentos que se deram não só ao sentir toda a ausência de um avô que na verdade nunca agiu como tal, mas muito mais ao sentir a ausência de um pai que ele raramente foi pra minha mãe. A morte em si nos faz refletir muito, mas quando é alguém que tem (ou deveria ter) um valor especial, a nossa reflexão muda. A reflexão que eu fiz, nesse caso, olhando pra vida que eu conhecia do meu avô, fez com que um lado muito grande e forte dentro de mim me puxasse, reforçando o que o meu sub consciente já sabia, e que quando sentiu a morte de alguém, acordou pra cutucar a consciência e deixar tudo muito claro. Porque Família pra mim, é tudo. Não é perfeita - ilusão seria pensar que algo além de Deus e do amor que Ele tem por todos nós é perfeito - mas Família significa muita coisa, e eu simplesmente fico irritada e inconformada com aqueles que não sabem dar o devido valor. O pouco que eu o conheci e passei com ele foram momentos bonitos de se lembrar, e eu sou grata por isso. Eu só não consigo ficar em paz ou desligar o meu cérebro quando alguma coisa ou alguma pessoa tão importante na vida de alguém é tão assim, meio termo. É claro que muitas coisas aconteceram pra que hoje seja tudo assim, e em consequencia, ser o que somos hoje. Muitas coisas não saem como esperamos ou planejamos, ás vezes por que estão fora do nosso controle, e sendo assim temos que simplesmente aceitar o rumo em que elas seguiram, mas eu acho que sempre temos a opção de nos levantar e ao menos tentar reverter a situação. O problema é que quando se trata de pessoas, é tudo tão (desnecessariamente) complicado.
Eu só sei que aquela frase que as nossas mães insistem tanto em repetir quando as deixamos extremamente preocupadas, "quando você for mãe, você vai entender", ao mesmo tempo em que eu não entendo, eu entendo. É que existem aqueles momentos em que a gente passa a olhar pros nossos pais, batemos o pé no chão e dizemos com absoluta certeza de que jamais faremos algo igual á eles, quando isso está ao mesmo tempo tão longe e tão fora do nosso entendimento. Isso só vamos descobrir ao vivenciar a experiência de ter tamanha responsabilidade e um amor incondicional pelos nossos futuros filhos, sobrinhos, netos. Acredito sim que algumas coisas, á partir do olhar que adquirimos em certas situações nos impeçam de sofrer a repetição de um erro no futuro. Existem coisas que de fato marcam a nossa vida, e quando aquela situação voltar pra você, e você estiver no controle, muito provavelmente o que aconteceu no passado te faça agir de uma forma diferente. Da forma que você julgue ser correta, ou simplesmente da forma que você queria que tivesse acontecido. Mas o futuro é sempre incerto. Muitas coisas mudam completamente quem nós somos, outras, aconteça o que acontecer, faz com que permançamos os mesmos, inatactos. Mas existem coisas que, não importa o que for, a ligação fala (ou pelo menos deveria falar) mais alto. É quando é mais do que uma simples obrigação de Pai ou Mãe, você faz por que o amor incondicional existe ali, em você e no outro. Só sei que ao olhar o meu avô ali, já falecido, me fez chorar por ele ser exatamente o que o nome diz: em primeiro lugar, pai da minha mãe, e em segundo lugar, meu avô, sendo que pra nenhuma de nós, ele não agiu como tal. Pensei mais um pouco, e dessa vez, chorei em consequência da ausência que ele cometeu, criando um abismo tão grande entre nós, me impedindo de cumprir o nome que eu carregava: neta. Eu gosto de pessoas, mas a minha Família, eu amo. A sensação de cumprir os meus deveres de filha com os meus Pais, ou conseguir ser mais do que uma irmã pros meus irmãos, conseguir conquistá-los e poder dizer que sou uma amiga pra eles, é tão bom e isso basta.
Situações e lições que eu tiro da minha Família de uma forma geral são inúmeras, afinal, ninguém ali é perfeito, muito menos em convivência um com os outros, mas eu particularmente, com os meus mil e um defeitos não procuro a perfeição, mas busco sempre ser uma pessoa melhor. O meu avô materno se foi, e isso trouxe uma ausência muito maior do que já existia antes - a ausência agora é definitiva - e isso me fez pensar no que já existia dentro de mim, de uma forma muito mais forte, com muita mais vontade. No meu futuro, com a minha Família, farei sempre o que estiver ao meu alcançe pra que não existam abismos, buracos, pra que a casa de ninguém fique ameaçada de cair assim, tão de repente. Pra que as lembranças e momentos sejam inesquecíveis. Que eu seja quem eu tenha de ser pra quem eu precise ser. Começando á partir de agora. Filha, irmã, sobrinha, prima, neta, bisneta. Que mesmo eu sendo tudo isso ainda que de uma forma imperfeita, que eu seja com muita presença, vontade, respeito, amor e dedicação. Por que é isso e muito mais que Família
é. Um é presente de Deus na vida do outro, é o porto seguro que se a gente cuidar bem e dar o devido valor, por mais que o caminho seja complicado, no final é sempre compensador. E é isso que eu quero pra mim. É de uma bagunça cheia de imperfeições que eu quero participar. Seja como for, mas que eu seja o máximo que eu conseguir ser, e que eu participe com muito, muito, muito amor.

Destinatário: Confusão. Assunto: Vê se me erra!

Nunca estive tão confusa. Você acha que sempre está certa em tudo e pensa que é realmente muito inteligente, até que se vê perdida e se perguntando milhões de vezes a mesma coisa, em meio a situações completamente supérfluas. Isso é dúvida. Epa! Desde quando eu tenho esse acúmulo de dúvidas na minha prateleira? Indecisão não combina comigo, e de repente eu to aqui, sentada esperando um sinal pra me mostrar em qual direção eu devo seguir. Dessa vez não é medo, eu fico mesmo é irritada quando eu não encontro respostas, embora eu pense que isso deve ser normal pra maioria das pessoas. Mas comigo não. Eu preciso saber o que fazer, insegurança não me atrai. “Maldita mania de fazer planos”, penso alto comigo mesma. E tem que estar tudo certo, do jeito que eu quero e planejei. Conseqüentemente sou na maioria das vezes, extremista. Se não for assim, é melhor que não seja, e eu prefiro fingir que eu sei muito bem o que está acontecendo e que tenho tudo sob controle, porque você definitivamente não pode saber que até eu tenho minhas dúvidas e inseguranças. Há quem diz que tudo isso é só uma fase, por que minha vida anda agitada demais, e tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. E tem mesmo, não tennho nem como negar, mas acontece que do meu ponto de vista extremista, ainda que eu venha sentindo toda essa bagunça, não é justificativa pra surtar. Já dizia Clarice Lispector: ou toca, ou não toca. Chega um momento que ou você agarra, ou deixa ir. As coisas passam para o temível nível em que a frase se tranforma em “ou sente, ou não sente”, e eu sinceramente, não sabia mais o que eu sentia. O problema é que quando a gente tá sozinha há muito tempo a gente acaba fazendo muita confusão. Ao mesmo tempo em que sabemos tão bem o que queremos, essa nossa lista com o lembrete “coisas importantes” se mistura com o que nós temos em mãos, que se mistura com a idealização que fazemos de tudo aquilo, que se mistura ainda mais com o que de fato merecemos. Sem contar quando existem aqueles de fora dando palpites, apontando o dedo na sua cara. De repente, a gente já não sabe de mais nada mesmo, porque quando paramos pra pensar e decidir alguma coisa, já é tarde demais. Você já se envolveu e parece impossível voltar atrás com tanta gente e com tanta coisa acontecendo – e se acontece de você não ter se envolvido, é lógico que a dúvida aparece pra te infernizar, e aí então, também começa a ficar tarde demais. Fica tarde demais de qualquer jeito, afinal, não somos donos do tempo, e não se força ou se apressa sentimento algum. É quando eu me lembro e entendo qual foi a confusão da vez. A emoção só nos leva a cometer besteiras e a razão deve ser sempre o critério principal. Eu me irrito por que é quase impossível fugir e sair ilesa de uma guerra dessas.

Pra você, meu querido amor estranho


É Setembro. Setembro tem 30 dias, como a maioria dos outros 11 meses do ano, mas em Setembro, como em Abril, só existe um dia extremamente importante pra mim. Sabe que eu estava mesmo me perguntando quando seria que eu voltaria a escrever sobre você. Você que foi tudo um dia, e que é hoje uma pessoa completamente estranha. Tanto tempo já se passou, e mesmo que você não esteja mais aqui e não seja o ‘tudo’ que era antes, ainda continua sendo tanto! Tanto no meu coração, tanto na minha forma de enxergar a vida, tanto no meu jeito de ser, pensar, agir, cantar, falar, chorar. Isso comprova aquela coisa que todo mundo diz, de que cada pessoa que passa na sua vida deixa uma marca. Mas você deixou muito mais que uma marca.  E nesse dia especial, tudo o que eu mais queria é que nós não fossemos mais estranhos, pra que eu pudesse te ligar e dizer o quão maravilhoso você é, foi e sempre será. Perguntar sobre o seu dia, te desejar um Feliz Aniversário e te falar as manjadas, porém sinceras palavras “eu sinto muito” é maior do que eu. Vontade de poder – porque sinto mesmo que eu não posso, sinto que esse simples gesto de educação e carinho não cabe mais á mim já faz um tempo – é tão grande, tão grande. O fato de sermos completos estranhos desde que tudo acabou também é grande, acompanhando cada pensamento meu sobre você. Teimosa que sou, digitei seu nome. Sua página é cheia de recados dos milhões de amigos que temos em comum. Sinto uma pontinha de inveja. Nem sua amiga eu sou nas redes sociais, e é esse o nosso nível de “estranhos”. Reconheço e sei que boa parte da culpa é minha, mas não quero falar disso porque sou orgulhosa desse tamanho, e não vem ao caso. Nada disso, aliás, vem ao caso, muito tempo se passou e as pessoas brigam tanto comigo, só porque quando eu falo seu nome, meus olhos ainda brilham e o meu sorriso aparece, tomando conta de mim. É inevitável, e mesmo que eu pudesse evitar, jamais o faria. Mas nada desses detalhes no meu comportamento quer dizer o que já foi um dia. O que eu vejo aqui é que hoje, a forma em que eu penso, escrevo e falo sobre você mudou. O tempo que passou tem o seu devido reconhecimento, é claro, mas o que as pessoas não entendem é que chegou ao ponto de que não é mais sobre o tempo que passou, e sim, sobre o que você significou e vai significar sempre pra mim. São coisas que tempo nenhum vai mudar. Você sabe que tem o meu carinho imensurável e um lugar no meu coração que ninguém pode substituir. E hoje, era só isso que eu queria poder te dizer. Parando e pensando em tudo que passamos, vivemos, e sonhamos juntos, poder te dizer que mesmo a gente ter passado de amigos-amantes que fizeram planos e juras de amor eterno, pra estranhos que somos hoje, a história que tivemos juntos sempre vai falar mais alto. Mais alto que esse nível estranho que temos e somos. Mais alto que o meu orgulho – escrever sobre você era a coisa mais difícil dessa vida. E pra não perder o costume do meu jeito de palhaça, ressaltar que tudo bem você estar namorando essa mulher loira, alta e estranha, (tô sendo boazinha) não que ela seja feia, mas ela também não é linda assim, não pra você. Tá tudo bem, tudo tão bem, e eu fico feliz por tudo que chega até mim sobre você. O que eu mais quero é ver você feliz, com um futuro maravilhoso com muito, muito amor, mesmo que não seja o meu. Não é mais papo de um coração que foi quebrado e ficou sem rumo, com os cacos no chão. É papo de um coração novo onde você ainda tem um lugarzinho especial, mas que se incomoda por estar tão distante assim de você. Queria poder te olhar e te contar o que desse na minha telha naquele momento, te fazer rir, e ir embora. Isso seria suficiente.

Feitos pro Silêncio

Tem momentos em que as palavras simplesmente se escondem atrás da primeira porta que eu encontro, ou se encolhem dentro de um baú antigo que eu nem lembrava que eu tinha guardado. Elas somem, e eu fico aqui olhando pro nada pensando sobre as horas e momentos em que eu poderia ter dito tanta coisa, mas não consegui ou não sabia como. Talvez fossem mesmo esses momentos feitos pro silêncio e eu, com a minha mania exagerada de querer pintar tudo com letras e números, cheia de conceitos e justificativas, fico pensando e tentando entender o que se passava nos centímetros que separavam os seus olhos dos meus. Mas eu não conseguia. Meu sorriso escapava. Meus olhos brilhavam. A minha transparência inevitável aparece pra você. É quando a gente se perde. É quando as palavras estão predestinadas a se perderem pro silêncio acontecer. Um silêncio bom, sem ligação alguma com a realidade, como se todo o resto tivesse ido embora com o que eu queria te dizer antes de você me olhar e bagunçar a realidade, criando todo esse universo paralelo onde nós estamos agora. Eu, você, e o silêncio. É mais um daqueles momentos que se eu pudesse, emoldurava e fazia questão de olhar e me inspirar todos os dias, sem pensar em mais nada.

A volta pra casa depois de ter você

Eu chego em casa sorrindo, sentindo as borboletas em plena euforia no meu estômago. Ainda é tão confuso, mas tudo o que eu sei é que eu me sinto tão bem, e tudo isso por que você sorriu de volta quando eu sorri pra você. A vontade de te abraçar não passa, e isso me dá um medo. Eu acabei de te ver e de te dar um beijo de despedida, e logo me pego pensando exaustivamente em você, esperando pelo seu "boa noite" pra que eu possa enfim dormir em paz. Eu olho o celular de 5 em 5 minutos pra ter certeza que o seu nome ainda não piscou, e a vontade de te ver de novo começa a virar necessidade. A saudade bate, e dá vontade de te ligar e dizer que tudo o que eu mais queria agora era você aqui, deitado do meu lado, com o seu abraço apertado que se encaixa perfeitamente com o meu, pra poder sentir seu cheiro e ficar ali, prolongando o momento, só por que eu gosto tanto de sentir o seu cheiro se misturando com o meu.

Você que virou meu novo "meu"

“Não tô brava com você”, ela disse fazendo careta.  “Tô brava comigo mesma, só pra variar.” “Não fica brava com a minha lindinha”, ele respondeu. A palavra “minha” ecoou na sua cabeça. De repente, ela era de alguém de novo.  Logo ela que tava tão acostumada com a solidão, acostumada a ser só dela mesma e de mais ninguém, se deu conta que em tão pouco tempo, tinha se tornado de alguém, e de um alguém tão especial, sem querer - querendo.  Queria sim. Queria ter alguém pra chamar de “meu”, e ser chamada de “minha”, mas depois de todo esse tempo, mais do que isso ela queria alguém que lutasse por ela. Por que é isso que nós, mulheres, queremos. Um amor que lute por nós, por que é sempre a gente que luta, que chora, que liga, que sofre, que engorda, que chora, que escreve, e que chora de novo. Como se nada disso fosse suficiente, ainda temos que lidar com o trauma que tudo isso acaba virando, e tomar o cuidado pra não se perder do amor. Por que o filho da mãe vai embora, ás vezes levando o amor junto, ás vezes largando ele em qualquer esquina da vida, deixando a gente sozinha e vazia, sentindo frio. De qualquer forma, o amor se torna um problema tão grande, mas tão grande, que ás vezes a gente acaba se perdendo, e só nos damos conta quando ele aparece assim, de repente, querendo atenção, fazendo carinho, sussurrando as palavras mais bonitas no seu ouvido, dizendo que agora você é dele, até que você percebe que... ele também é seu.